Histórias do Papai Noel

Vamos conhecer um pouco da história deste Bom Velhinho que se confunde o tempo todo com o espírito de Natal, que, simbolizado na troca de presentes, significa a troca de afeto, amor e compreensão no mundo todo.

Noé seria o primeiro Papai Noel?

Alguns acreditam que a lenda do Papai Noel surgiu na Idade Média, quando a peste matou milhares de crianças. A lenda dizia que Noé, o mesmo que construiu a arca, teria pedido a Deus que o enviasse novamente à Terra, para que pudesse alegrar um pouco os pequeninos. Deus aceitou, e então Noé surgiu como o velho Noel distribuindo os bichinhos de sua coleção de animais para divertir a garotada.

São Nicolau – A Origem mais conhecida

São Nicolau é um santo muito popular como protetor dos marinheiros e comerciantes, santo casamenteiro e padroeiro das crianças. Ele nasceu em Petara, Ásia Menor (hoje, Turquia) no final do séc. III, e faleceu em 06 de dezembro de 342.

Foi ordenado sacerdote muito cedo, tendo demonstrado sua profunda religiosidade desde criança.

Com a morte dos seus pais, São Nicolau herdou uma grande fortuna que distribuiu entre os pobres. Procurava ajudar secretamente, para que ninguém pudesse agradecer-lhe. O caso mais conhecido ilustra bem sua postura e deu origem a várias tradições que acompanham o Natal até hoje:

Trata-se da história de um comerciante falido de Patara que via suas três filhas chegando à idade de casar e não tinha dinheiro para o dote. Sem marido, elas teriam de prostituir-se para viver.

Nicolau, sabendo da história, resolve ajudar e, com sua roupa vermelha de bispo, aproxima-se durante a noite da casa do comerciante falido e joga, pela janela aberta, um saquinho com moedas de ouro. O comerciante, achando o
ouro, preparou o enxoval da filha mais velha e arranjou-lhe um bom casamento. Passado um pouco de tempo, São Nicolau novamente jogou na janela um saquinho com ouro, o suficiente para o enxoval e o casamento da segunda filha. Quando o São Nicolau jogou o terceiro saquinho com ouro para a filha mais nova, o comerciante já estava à espera dele. Comovido com a bondade do Santo, o comerciante agradeceu pela salvação da sua família de um horrível pecado e vergonha. Após o casamento das três filhas, o comerciante conseguiu recuperar os seus negócios e começou a ajudar aos próximos, imitando o seu benfeitor.

Curiosidade:

Um dos saquinhos teria caído dentro de uma meia que estava secando à lareira, dando origem a mais uma tradição natalina.

Esta história serviu de inspiração a inúmeros artistas, como Fra Angélico, em São Nicolau e as 3 meninas.

São Nicolau peregrinou por lugaressantos, conheceu a Palestina e Egito. Por onde passava ficava na m

emória das pessoas devido a sua bondade e o costume de dar presentes às crianças necessitadas. Sua intenção era viver longe dos homens, isolado em um deserto. Mas Deus havia lhe reservado outro destino e ordenou que voltasse à sua pátria, e servisse aos homens.

Em seu retorno escolheu morar em Mira (Lycia) uma província da planície de Anatólia no sudoeste da costa da Ásia Menor onde hoje existe a Turquia, cidade vizinha de Patara. Vivia anonimamente, como um pobre, e ia diariamente à igreja que tanto amava.

Nesta época o bispo deMira faleceu e os bispos vizinhos se reuniram para eleger o seu sucessor. Como eles não conseguiam chegar à unanimidade na escolha, um deles aconselhou: "O Senhor deve Ele mesmo nos indicar a pessoa certa. Assim, irmãos vamos rezar, jejuar

e esperar pelo escolhido de Deus." E ao mais velho dos bispos Deus revelou,que a primeira pessoa a entrar na igreja após a abertura da porta deve ser eleito o bispo. Ele contou o seu sonho aos outros bispos e antes da missa da manhã, ficou vigiando a porta e esperando pelo eleito de Deus. São Nicolau, conforme o seu costume, chegou primeiro para rezar. Vendo o Santo, o bispo perguntou a ele:

"Como é seu nome?" São Nicolau humildemente respondeu.

"Me siga, meu filho", disse o bispo. Pegou na mão dele, conduziu-o até a igreja e avisou, que ele será ordenado bispo de Mira. São Nicolau tinha medo de aceitar o cargo tão alto, mas teve que ceder à vontade dos bispos e do povo.
Após a sua ordenação, São Nicolau resolveu
: "Até agora eu pude viver para mim mesmo e para a salvação da minha alma, mas daqui para a frente todo o momento da minha vida deve ser dedicado aos outros." E esquecendo a si mesmo, o Santo abriu a porta de sua casa a todos e tornou-se o verdadeiro pai dos órfãos e pobres, defensor dos oprimidos e benfeitor a todos. Conforme o testemunho dos seus contemporâneos, ele era humilde, se vestia de forma muito humilde e comia apenas o suficiente para sua sobrevivência.
No reinado do imperador Diocleciano (284-305) a Igreja passou a ser perseguida e São Nicolau foi preso. Após muito sofrimento na prisão, ele é libertado pelo novo imperador Constantino, o Grande, que deu aos cristãos o direito de professar sua fé.
Começam então a surgir diversos casos de milagres e atos de bondade,
passando a ser um dos temas favoritos dos artistas medievais. Nessa época, a devoção por S. Nicolau estendeu-se para todas as regiões da Europa.

Naquele tempo, em muitas igrejas começou uma forte agitação a respeito da heresia de Aria que negava a Divindade do Senhor Jesus Cristo. Para apaziguar a Igreja, o imperador Constantino o Grande convocou o Primeiro Concílio na cidade de Nicéia, em 325. Entre os bispos do Concílio estava também o São Nicolau. O Concílio condenou a heresia de Aria e elaborou o Credo, onde com palavras bem definidas ficou expressa a fé ortodoxa em Senhor Jesus Cristo, como Filho Unigênito, com a mesma essência do Pai. Durante os debates, São Nicolau, ouvindo a blasfemia do Aria, ficou tão indignado, que perante todo mundo bateu no rosto dele. Pela indisciplina, o Concílio desapossou São Nicolau da dignidade de bispo. Mas, logo após este incidente, alguns bispos tiveram uma visão em que Senhor Jesus Cristo entregou a São Nicolau o Evangelho e Nossa Senhora colocou nele o Seu manto. Os bispos entenderam, como é contrária à Deus a heresia de Aria e reintegraram São Nicolau no seu bispado.

Aconteceu, que saiu do Egito para a Líbia um barco. No mar começou uma horrível tempestade e o barco estava afundando. Algumas pessoas se lembraram do São Nicolau e começaram a rezar a ele. E viram claramente, como o Santo estava correndo na direção do barco por cima das ondas enfurecidas, entrando e pegando o leme com as suas mãos. A tempestade acalmou e o barco chegou ao porto ileso.
São Nicolau morreu muito velho em meados do século IV, mas com a morte dele, a sua ajuda não cessou. Durante mais de 1500 anos ele ajuda a todos que rezam a ele.

Em meados do século 6, o santuário onde foi sepultado, transformou-se em uma nascente de água. Em 1087 seus restos mortais foram transportados para a Cidade de Bari na Itália que tornou-se um centro de peregrinação em sua homenagem. As suas relíquias vertem bálsamo, que cura os doentes. Este acontecimento é comemorado em 22 de maio (9 de maio no estilo velho).

A fama de generoso do bom velhinho, que foi considerado santo pela Igreja Católica, transcendeu sua região, e as pessoas começaram a atribuir a ele todo tipo de milagres e lendas. Em meados do século 13, a comemoração do dia de São Nicolau passou da primavera para o dia 6 de dezembro (data de sua morte), e sua figura foi relacionada com as crianças, a quem deixava presentes vestido de bispo e montado em burro.

Curiosidade:

Com a Reforma Protestante (que renegava os santos), o culto a São Nicolau desapareceu

da Europa, e a data mudou para 25 de Dezembro, passando a dizer-se que era homenagem a Christkind, o menino Cristo.

Na Holanda, permaneceu com o nome de Sinterklaas. No século XVII, colonizadores holandeses levaram Papai Noel para New Amsterdan, a atual cidade de Nova York. Sinterklaas foi bem recebido e rebatizado como Santa Claus .

A imagem de São Nicolau passa a ser substituída por – Father Christmas, Pai Natal, que aparece como o Espírito do Natal Presente no Conto de Natal de Charles Dickens

Ainda hoje, com suas barbas brancas, hábito vermelho e chapéu de bispo, atores vestidos de São Nicolau passeiam no início de dezembr

o por Berlim, Amsterdã, Copenhague e arredores.

Poema de Natal cria a primeira imagem do Papai Noel

Podemos dizer que a difusão do mito Santa Claus teve dois responsáveis, ambos escritores de Nova York.
O primeiro, Washington Irving, escreveu em 1809 um livro em que São Nicolau já não usava a vestimenta de bispo, transformando-o em um personagem bonachão e bondoso, que montava um cavalo voador e jogava presentes pelas chaminés.
Em 1823, poema “Twas the night before Christmas”
(A noite antes do Natal), primeiramente atribuído ao professor universitário, poeta e teólogo Clement C. Moore, enalteceu a aura mágica que Irving havia criado para a personagem, trocando o cavalo branco por 8 renas que puxavam um trenó (O nome das renas do Papai Noel, em inglês, são: Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donder e Blitzen).

Outra versão diz que o poema foi publicado anônimo num jornal de Nova York em 1823 e que apesar de ter sido, por muitos anos, atribuído a Clement Moore, teria sido escrito, na verdade, pelo poeta romântico Henry Livingstone, conhecido pelos versos ligeiros.
Composto de doze estrofes, é um belo poema para crianças. Descreve um pai que, enquanto

mulher e filhos dormem, percebe que algo aterrissou no telhado – então alguém desce pela chaminé, sai todo sujo de fuligem. "Seus olhos, como brilhavam! Suas rugas, quão felizes! Suas bochechas, como rosas, seu nariz como uma cereja e a barba branca como a neve... Ele era gordinho e bonachão, um elfo feliz." O poema foi recebido com tal gosto nos EUA que não houve Natal em que não tenha sido republicado desde então.

“Twas the night before Christmas”

"Era a noite da véspera do Natal;

em toda a casa nenhuma criatura se movia, nem mesmo um camundongo.

As meias, penduradas na chaminé com cuidado, indicavam a esperança da vinda de São Nicolau"...

"...a Lua, projetada no seio da neve que caía,
Iluminava tudo,cá embaixo.
De repente, do meio dela, ele surgiu.

Vinha no que me pareceu um trenó
Puxado por lindas renas.

Seus olhos – como eles brilhavam!
Seu rosto irradiava alegria.
Suas bochechas eram como rosas
O nariz igual a uma cereja.
E sua barba, branca como a neve.
Rechonchudo, barrigudo,
Tinha jeito de gnomo,
Simpático e bonachão.
Quando o vi, a despeito de
Minhas mágoas, sorri."

Enfim Papai Noel ganha sua imagem

Apesar do sucesso do poema, demorou 40 anos para que Papai Noel ganhasse uma imagem real, e o responsável por dar-lhe vida foi Thomas Nast, cartunista da Harper´s Illustrated Weekly. (que ainda circula hoje, mensalmente, com o nome “Harper's Bazaar”).

Em 1860, Nast começou a esboçá-lo, inspirado nos versos de "Twas the Night Before Christmas”

Através dos traços de Nast, Papai-Noel tomou forma e fez enorme sucesso transformando-se em capa das edições natalinas da Harper’s de 1863 a 1886.

Seu primeiro Papai Noel saiu na edição do Natal de 1862. Tinha feito sua mulher ler e reler “Twas the night before Christmas” para inspirá-lo.
Outras imagens do santo já haviam aparecido aqui e ali, mas a habilidade de Nast lhe permitia captar o clima mágico do poema como nunca antes.
O Papai Noel criado por Nast era um velhinho bonachão, gordo e alegre, tinha barba branca e fumava um longo cachimbo, e ainda haviam a lareira e as meias penduradas, ele não tinha mais chapéu de bispo, usando agora um gorro. Era o estereótipo do vovô bondoso, que acabou se transformando na figura oficial de Papai Noel.
Nast também tomou certas liberdades. Fixou a residência de Sinter Klaas, já americanizado para Santa Claus, no Pólo Norte – não seria de nenhum país.
Providenciou-lhe também uma fábrica de brinquedos na qual outros elfos, como ele, trabalhavam.
E, se São Nicolau sempre andara a pé pelas ruas ou a cavalo, Thomas Nast decidiu que renas voadoras puxando-lhe um trenó eram mais adequadas. Estas, ele deve ter pescado da lenda finlandesa do Pai Inverno, o velho que anda de casa em casa e, quando bem recebido, provê para que a temperatura seja amena à família. Por fim, Nast decidiu que nem toda criança seria presenteada. Só as boazinhas.

Os entalhes de Nast e o poema de Henry Livingstone criaram um dos primeiros fenômenos da propaganda. Na década de 1880, uma loja de Boston contratou um ator para vestir-se de Papai Noel – era um escocês que adorava crianças e atiçou filas dia após dia de pessoas que ouviam falar de sua presença e traziam seus filhos dos lugares mais distantes, pegando trem, enfrentando horas de viagem.

O que tem a ver Papai Noel e Coca Cola?

O símbolo de Santa Claus foi logo utilizado pela publicidade comercial. A Coca-cola adotou o Papai Noel em suas propagandas nos anos 20 do século passado – era só mais uma empresa atacando o filão conhecido e rentável. Mas custou a dar certo. A empresa, já grande e de escopo nacional, trabalhava com uma penca de agências publicitárias concentradas em Chicago. Em 1931, repassou sua propaganda de Natal para o estúdio de Haddon Sundblom, um dos mais talentosos ilustradores de sua geração, comparável a Norman Rockwell e Alberto Vargas.

Sundblom era um sujeito alto, 1,92m, dono duma voz grave do tipo que se impõe em quaisquer discussões. Pintava a óleo e acrílico, sua especialidade eram as nuances de luz num ambiente escuro. Baseava-se sempre em modelos vivos: sua mulher, seus filhos, vizinhos – quem fosse. Entre seus feitos, o sujeito no rótulo das aveias Quaker. E também, nos anos 40 e 50, pin-ups – a sensualidade, biquínis curtos para o tempo, moças curvilíneas. A impressão a cores na capa e contracapa de revistas como a “Seleções de Reader's Digest” popularizava-se nesta época e os outdoors já se espalhavam pelo país.

Anos depois, as lendas fizeram parecer que Papai Noel adotara as cores da Coca-cola; paranóia, foi coincidência, vestiu-se sempre de vermelho. Mas o cinturão e as botas pretas foram obra de Haddon Sundblom.

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